Autor de três livros, conhecido pelo seu trabalho de fotografia e seu canal Life by Lufe, o mineiro Lufe Gomes é um dos participantes confirmados para a 4ª edição da Semana Criativa de Tiradentes. Nesta entrevista conversamos com ele sobre sua obra mais recente “Café com Lufe: Sua dose extra de boas energias para a vida”, um registro que de forma leve e objetiva nos convoca a rever conceitos e a lançar um novo olhar sobre nós mesmos e, assim, enxergar sinais e novos aprendizados nas situações mais simples do dia a dia.
Como está sua quarentena?
Minha quarentena está sendo de extrema conexão. Esse é o momento que eu entendo a importância de falar para as pessoas sobre o que eu acredito: a casa interna. Tenho conversado muito com os seguidores do canal sobre questões como essa, da sua casa não ser um lugar de passagem e nem um lugar para você mostrar para o vizinho. E esse, é o tempo de se encontrar através dos espaços que a gente vive. O isolamento fez com que as pessoas entendessem o que é realmente habitar um lugar, para valorizarem esse processo e ter certeza do que faz sentido: o pertencimento da casa.
Foi esse o momento que você fortaleceu o Café com Lufe?
Sim, todo dia de manhã no meu canal, falo sobre essas questões do olhar interno, para você descobrir seus talentos, suas memórias afetivas, suas histórias, suas referências, como você é. Você se entendendo como pessoa primeiro para depois você ver isso manifestado em decoração.
As pessoas acabam fazendo escolhas porque viu algumas decorações na internet, porque viu algo na casa de alguém, no Pinterest, em uma revista, e elas não sabem porque estão fazendo aquilo. E o meu discurso, que é constante, é se encontrar e entender o que sua casa está falando com você, e que esse espaço é um grande reflexo do que você é e, das histórias que você vive.
Como isso virou um livro?
Surgiu de forma orgânica, não teve um planejamento, escrevi e publiquei durante a quarentena. Eu já vinha compartilhando algumas experiências no meu canal, a partir disso, decidi fazer um livro com algumas histórias, todas reais e a maioria inéditas. Sobre o volume em si são 50 crônicas onde eu falo sobre essas conexões que estávamos conversando. Sobre o despertar, é um convite para que você encontre o seu caminho rumo ao autoconhecimento. Por que? Porque eu sempre discuti muito essa questão de você ficar fazendo a casa, a decoração para imitar o outro.
Onde você encontra essas inspirações?
Quero dividir com as pessoas que se entender dentro da casa interna é o primeiro processo para conseguir ter a casa dos seus sonhos. Eu, por exemplo, encontro essa inspiração no dia a dia, a primeira coisa que eu faço quando acordo a dar bom dia para casa, para as plantas, esse processo é com carinho, com sorriso no olhar, sentindo agradecido e entendendo o lugar que eu vivo. Não é uma coisa de sair gritando bom dia para cada cômodo parecendo um doido.
Isso é um processo criativo?
Acho que processo criativo é repertório, é o que eu mais falo para as pessoas: Viva de verdade! Tenha conhecimento de causa.
Eu tenho um processo de fazer café da manhã demorado, de arrumar a mesa só para mim. Eu nunca tomo café com menos de uma hora, uma hora e meia. Se eu tiver um compromisso às 6 horas da manhã, você vai me ver acordar às 4 horas para fazer as coisas no meu tempo e meditar como quero que seja meu dia.
A gente aprende mais quando observa de verdade?
Sim, hoje, por exemplo, tive um super aprendizado com o aspirador de pó. Tenho um aspirador que é um robozinho que funciona sozinho, ele é a bateria e tem uma base. E quando está acabando a bateria, através dos sensores, ele volta sozinho para base para recarregar. Comecei a observar esse aspirador e percebi a dificuldade dele voltar para base com um monte de obstáculos, cadeira, tapete essas coisas. Ela não vai conseguir voltar, simples assim. Então, eu pensei, como é que a gente quer resolver alguma coisa se a gente coloca um monte de obstáculos na frente. Às vezes você pede, pede e pede, mas coloca um monte de empecilhos. Aquilo que é destinado a você vai vir, mas você precisa limpar o caminho para chegar na sua base. Portanto, se você coloca muito obstáculo entre você e coisa que você deseja, você que não está deixando chegar. Não parece simples? Não faz sentido? Porque a gente está sempre colocando barreiras que não precisam.
Você já fotografou muitas casas pelo mundo, qual maior lição você tira desses trabalhos?
Já fotografei mais de 500 casas, em muitos países, acho que em todos os continentes. E qual o ponto em comum? Se eu colocasse as pessoas numa mesma sala elas seriam amigas? Elas teriam assunto para conversar? O resultado é sim. O que eu falo através das minhas fotografia e vídeos é que esse ponto em comum é: a casa é um espelho da vivência daquelas pessoas. As casas que eu fotografo têm identidade, personalidade. São pessoas que não estão preocupadas com a cor do ano, elas viveram e muito dessas histórias estão refletidas nessas decorações. São como a Semana de Criativa de Tiradentes, tem uma essência única. Os trabalhos desses artesãos são cheios de histórias, não tem nada igual, é um processo ancestral. É dar valor para as coisas que te emocionam, não porque carrega a assinatura de alguém importante.
Lufe, você tem mais uma novidade para compartilhar com a gente, certo?
Sim, até o final do ano vou lançar mais um livro: Espiral de mudanças, que é umas das séries mais faladas do canal. É a história de como eu me tornei fotógrafo, uma história já famosa no Youtube que vou transformar em livro. Vou compartilhar como comecei a procurar alguma coisa que eu não sabia o que era, que no caso era minha profissão. Falo muito onde a gente se descobre para fazer aquilo que gosta, para deixar nosso talento florescer, entender que a gente precisa sair um pouco dos padrões pré-estabelecidos que a gente acaba não prestando atenção. A vida não dá tempo de fazer rascunho.